Feliz 2011



Que as flores de todas as cores,
Pela natureza oferecidas,
Venham alegrar nossas vidas
E amenizar nossas dores.

Feliz e Santo Natal !



"No Natal embalemos Jesus no coração
Pois Ele é paz, graça e salvação.
Seremos assim abençoados
Pelos dons que nos foram dados."

Cantiga de Natal


- José, meu querido José,
Ajude-me a embalar meu menininho
E cantemos para ele com carinho:
- Feche os olhinhos,
Dorme um soninho,
Em paz, ó Jesus!
Ó noite de graças, na qual
Cristo, o Salvador, veio à Terra!
Eia! Eia!

- Embalemos o menininho, Maria!
Contemplem-nos aqui embaixo, vocês estrelinhas
Que na noite escura vieram brilhar,
Para que Ele sorria em doces sonhos.
Eia! Eia! Dorme, ó Jesus!

- José, meu querido José!
Que Ele fique a mim aconchegado!
- Maria, que Ele esteja protegido e bem coberto
Para que o vento não chegue nem perto!
Louvor e glória ao Deus poderoso,
Ao Deus bondoso, que do trono celeste
Mandou para nós, pobres, seu filho amado!
Eia! Eia!

- Embalemos o menininho, Maria!
Venham cá, venham cá, seus anjinhos
A este estábulo tão escuro!
Saúdem o menino com salmos e doces melodias!
Eia! Eia! Dorme, ó Jesus!

(Cantiga de Natal original em alemão: Joseph, lieber Joseph mein- século XIV)

"Viola Olorata"


Ah, se conseguíssemos frear as palavras ásperas, palavras ditas com azedume, com agressividade, críticas sem sentido... Se conseguíssemos não querer “dar o troco” com palavras ou gestos...
Seríamos semelhantes à “Viola Olorata”, um tipo de violeta, cujas flores pequeninas quase se escondem entre as folhas mas, exalam delicado perfume, percebido por quem se aproxima delas. Poderíamos também nós exalar para os outros o perfume da paz.

A capelinha à beira mar


Quando subo até a capelinha,
Que fica junto ao mar,
De joelhos rezo, ouvindo as ondas,
Sentindo alegria e também um pesar.

Uma alegria vem do que ouço (com o coração);
- Segue em frente! Confia em Mim!
O que nem se imagina na terra,
No céu está preparado para ti!

Também um pesar, ao orar, me invade :
- Tanto me deste, Senhor!
E por alguma dificuldade,
Meu coração se fecha e se esquece de amar!

(Baseado num poema bem antigo: Das Kapellchen am See)

Matemática na feira


O movimento na feira é grande. Há uma festa de aromas: cheiro de maçã, de pequi, de milho verde, de folhas frescas como o agrião, a salsinha; também o delicioso aroma de pães caseiros. Existe nesta festa um vilão aromático: o cheiro de fritura que vem das bancas de pastéis. Há também uma mistura de sons e conversas:
- Olha a verdura fresquinha e barata! Aqui hoje você faz a feira e volta com dinheiro no bolso! – grita um vendedor.
- Olha a carambola aí, freguês! – passa alguém vendendo
- Alho fresquinho! – diz um senhor carregando tranças de alho.
Conhecidos se encontram. Desconhecidos comentam sobre os produtos, trocam até receitas. Alguns têm já certa amizade com os vendedores e trocam gracejos.
Há vida em toda parte...
Aproximo-me de uma banca de farinhas. Aguardo minha vez já que um casal está sendo atendido pelo vendedor: um rapaz de uns 16 anos de idade.
- Quero dois litros desta farinha. – diz o senhor. E acrescenta sorrindo, brincalhão:
- Você sabe, rapaz, quantos ml tem um litro?
O rapaz enrubesce, fica sem graça e não responde.
O homem não desiste:
- E quantos gramas tem um quilo, você sabe?
O moço responde baixinho:
- Umas cem.
A senhora então pergunta:
- Em que série você está na escola?
- Na oitava – foi a resposta que provocou um oh!
E o senhor conclui:
- É, hoje ninguém usa o raciocínio, só a calculadora e o computador.
Chegou minha vez de comprar e pedi dois reais de farinha (era o que me sobrava no bolso). Como o litro custava dois reais e cinqüenta centavos ele ficou sem saber quanto me vender. Encheu completamente o litro. Ia dizer a ele para me dar um litro raso e sem o acréscimo que chamamos de “choro”, mas o freguês anterior, que ainda estava por ali, foi mais rápido:
- Ela quer só dois reais, não dá um litro cheio!
O pobre rapaz levou a mão para retirar um pouco de farinha do litro.
A mulher então exclamou:
- Ei, não ponha a mão na farinha! Você pega em dinheiro também!
O vendedor adolescente, sério, olhou para mim e disse:
- Pode levar um litro mesmo.
Para amenizar o clima eu lhe disse ao pagar:
- Sempre compro farinha aqui. Noutro dia a gente acerta!

Grace Kelly


Em 12 de novembro de 1929 nascia uma das mais belas atrizes de todos os tempos. Grace Kelly deixou sua carreira para se casar com o príncipe Rainier de Mônaco. Tinha 52 anos quando faleceu num acidente de carro.

A primavera é a festa da renovação na natureza. Aprendamos com as árvores que se vestem de folhas novinhas. Deixemos de lado "as folhas velhas": lembranças ruins, pensamentos negativos, mágoas... E renovemos nosso coração para o amor, o perdão, a paz. A primavera não é um privilégio da juventude. É um convite para um novo começo. Ouçamos com a alegria os bem-te-vis, os sabiás, as cigarras! Contemplemos a festa de cores das flores!

Setembro



Que você se sinta alegre hoje e agradecido pelo dom da vida, com todas as suas cores e também dores!
Que você tenha certeza de que quando uma porta se fecha outra se abre, talvez para um jardim mais belo ainda.
Que você descubra e viva a felicidade de ter o "reino dos céus" dentro de si, como falou Jesus.
Que você descubra sempre um jeitinho para superar um obstáculo, alguma limitação.
Que haja sempre algum sabiá ou outro passarinho por perto cantando alegremente.
Que os seus dias sejam de paz! Que suas noites sejam de sono tranquilo!
Que Deus o abençoe com a Sua Graça e lhe dê mais saúde.
E que nós agradeçamos sempre os pequenos "milagres" que recebemos às vezes sem o perceber!
Feliz Aniversário!

Asas douradas


Às vezes um sonho realizado
Nos faz sentir com asas.
E pensamos poder voar longe:
Felizes para sempre!

Mas são asas trazidas pela alegria,
Não podemos retê-las por muito tempo.
E à luz da realidade os sonhos voltam ao seu lugar.

Nada é para sempre,
Exceto nossa alma que leva consigo
As dores e alegrias vividas
E também os sentimentos que o tempo não consegue envelhecer.

O Bule de Porcelana


- Este bule vai ser seu!- dizia minha mãe.
Ele parecia olhar para mim, que o contemplava admirada. Era um belo e antigo bule de porcelana que descansava na prateleira mais alta de um enorme armário, também antigo, feito de madeira maciça. Já estava na família há anos e para mim sempre foi um objeto belo e precioso. Nunca soube quem o comprara. Imagino que tenha pertencido ao dono da casa que, quando a vendeu para meu pai, deixou para trás o pesado armário. Talvez ele tivesse ficado esquecido ali...
A promessa foi cumprida e agora esta relíquia enfeita minha cozinha.
Nunca tivera coragem de usá-lo. Mas, nesta tarde, ao fazer um chá, olhei para cima e o vi. Tive o sentimento de que ele ficaria muito feliz se ainda, depois de tantos anos, pudesse ser útil e não apenas admirado. E assim o fiz.
Chá pronto, ele, sobre a mesa, feliz por voltar de novo ao trabalho. Eu contente por poder tomar, elegantemente (graças ao bule), um chá gostoso na paz de uma tarde tranqüila.
Sem ter com quem conversar fiquei olhando para ele e comecei a pensar na sua história. Quantos momentos alegres e tristes deve ter presenciado! Penso que esteve presente quando todas as noites, estando meu avô ainda vivo, o pároco padre Francisco e o pastor luterano sr.Tipple iam até nossa casa para bater papo em alemão. Dizia-se que eram grandes amigos, de uma afinidade invejável, mas brigavam quando divergiam nalgum tema religioso. Porém, no dia seguinte tudo ficava esquecido e se tratavam como irmãos.
Penso, também, que participou da comemoração simples do casamento de meus pais, onde imagino que minha prendada tia Helena tenha servido seus deliciosos bolos com chá.
Com certeza, ainda, esquentou a noite fria e triste de algum velório, talvez o do avô Ferdinando...

Um dia não estaremos mais aqui. Ele se quebrará e eu terei cumprido minha jornada nesta vida. Haverá um lugar para nós no céu? Se assim o for, gostaria de encontrá-lo por lá e tomar novamente um chá acompanhado de lembranças e saudades.

A inauguração do Cine S. José

Nos anos sessenta, de modo especial nas cidades do interior, a maior diversão era freqüentar o cinema. Nos finais de semana, então, era ponto de encontro entre rapazes e moças. Muitas delas passavam a tarde inteira com os incômodos bobies na cabeça, apenas para serem vistas com cabelos “bonitos” por pouco tempo, antes da exibição do filme. No escurinho, de olho na tela, ninguém mais as reparava...
Neste período, que a muita gente traz saudades, foi inaugurado mais um cinema em Morrinhos, Goiás. O assunto da semana que antecedia a inauguração tinha sido este evento. A exibição de “Doctor Zhivago” era esperada com muita ansiedade. Finalmente o dia chegara! O novo cinema ficou lotado. Viram-se entre os presentes autoridades que não costumavam muito freqüentar o cinema. Mas era um dia especial...
Na metade do filme, enquanto uma cena romântica emocionava a platéia de olhos fixos na tela; alguém, menos emocionado, olhou para o teto e viu uma faísca.
- Fooogo! O cinema tá pegando fogo! – foi o grito que se ouviu. Algumas pessoas se levantaram e correram. E o pânico se alastrou como fogo em capim seco. A porta de saída era estreita para tanta gente passar ao mesmo tempo. Houve quem caísse e recebesse pisadas. Houve quem perdesse o sapato na corrida...
Mas, foram apenas faíscas! E os que fugiram apavorados voltaram para seus lugares depois que perceberam não haver mais perigo. Até o final do filme não houve mais incidentes, porém depois deste susto muitos espectadores, por mais emocionante que fosse a cena do filme, lembravam-se de olhar para cima para conferir se o teto estava em ordem, sem faíscas nem fogo.
E a bela e triste estória de amor de Lara e Jivago não trouxe apenas lágrimas, o riso esteve também presente quando, depois da correria, tudo se acalmou ... Fora assim inaugurado o Cine S.José!

Avó menina...


- Veja esta foto. É de sua avó.
Meu pai, com expressão de felicidade poucas vezes vista em seu rosto, me mostra o retrato de uma jovem. Fotografia antiga, em preto e branco com uma grande mancha, parecendo ser de alguma fruta vermelha. Olho, curiosa, para a foto daquela cujo rosto não cheguei a conhecer; mas apenas alguns detalhes de sua história.
- Veja sua avó Maria - me diz meu pai novamente, mostrando outra foto. Agora vejo uma menina, com uns cinco anos de idade. Usa um aventalzinho branco sobre o vestido, tem cabelos levemente ondulados e um rostinho bonito e feliz. A seu lado uma mulher, talvez sua mãe, de vestido longo, também de avental, cabelos presos num coque, batendo um bolo numa tigela alta de louça. A menina brinca feliz, correndo pra cá e pra lá. Percebo que não olho simplesmente uma foto e sim assisto a uma cena. Contemplo a menina, tão alegre ali, e penso, com tristeza, na vida difícil que teve depois. Foi mãe de oito filhos, esposa de um operário, sofria de enxaqueca, passou pelas dificuldades de tempos de guerra, perdeu um filho jovem num acidente, viajou de navio como imigrante para o Brasil e veio a falecer, sem ter alcançado a velhice, na colônia alemã de Uvá, em Goiás; sem atendimento médico, nem outros recursos.
Este pensamento triste se afasta e me deixo envolver pela felicidade com gosto de paz que vem daquela menininha contente e do brilho que vejo nos olhos de meu pai.
Acordo em meu quarto. Já amanheceu. Fecho os olhos tentando voltar ao sonho bonito, em vão. Não tem importância. O sonho se fora, mas aquele sentimento de paz, de felicidade ainda perdura em meu coração. Começo um novo dia com um sorriso nos lábios...

Um olhar para além de nós mesmos


Só há três maneiras de sofrer:
- a do revoltado,
- a do resignado,
- a do iluminado. Que, mesmo sofrendo, é capaz de enxergar o sofrimento dos outros e perceber que muitas vezes é bem maior que o seu. E também tenta ajudar a quem sofre mais.
Há sempre alguém com um sofrimento maior que o nosso...
( palavras ouvidas em um consultório médico)

A vida continua...


Gérard e Sophie tomavam sol juntos, pela manhã, na sacada de um apartamento, situado no primeiro andar do edifício La Ville de Saint-Flour que ficava quase numa esquina. Eu os via em meu caminho diário para o trabalho, enquanto aguardava o sinal verde para prosseguir. Ele sempre lia o jornal. Ela ficava olhando a rua; às vezes falava com ele ou simplesmente fechava os olhos e descansava. Pareciam felizes, em paz. E vê-los me deixava alegre. Dizia com o coração: Bom dia, Gérard! Bom dia, Sophie! Eram nomes que eu tinha escolhido para eles...
Vieram minhas férias e fiquei um mês sem passar por ali. No primeiro dia, de volta ao trabalho, notei a sacada vazia, a porta fechada. Ninguém... Esta cena se repetiu por vários dias. Com uma certa tristeza eu pensava:- Para onde foram? O que houve?
Já estava quase me acostumando à visão da sacada vazia quando, numa bela manhã de sol, avistei Sophie. De roupão, sozinha, cabelos mal penteados, abatida, parecia cochilar... Onde está Gerard, Sophie?- pensei. Será que ficou doente? Mas a "resposta" me veio algum tempo depois, porque ele jamais voltou àquela sacada. E afinal, aparentava ter bem mais de oitenta anos... Ela continuou tomando sol, sozinha; e aos poucos foi melhorando a aparência e os cuidados consigo.
Hoje ainda faço o mesmo trajeto para o trabalho. Sophie continua a tomar o sol da manhã na sacada quase todos os dias. E agora quem lê o jornal é ela. Fico contente com isto e sigo meu caminho.
A vida continua, apesar das perdas e mudanças que temos de enfrentar. Porém o mesmo sol volta a brilhar a cada manhã....