No campo: crepúsculo e aurora

- I -
Venha comigo e me dê a sua mão...
Fechemos nossos olhos e respiremos a vida!
O ar é morno e puro.
O capim e as ervas espalham seu aroma silvestre.
A brisa nos traz ora o perfume das folhas de
eucalipto,
Ora o exótico odor da flor de maracujá.

De olhos ainda fechados, ouçamos os sons da vida!
São tantos os passarinhos-notas e timbres tão
variados!
Uma mistura desordenada que resulta numa harmonia
perfeita!
Nem todos os sons são suaves: um bando de periquitos,
Pousados na mangueira, produz alegre algazarra.
Podemos ouvir, também, o canto das cigarras,
E algum grilo que aqui e acolá começa a saudar o
anoitecer.

Abro os olhos e vejo todas as cores do crepúsculo.
Percebo que estou sozinha, com a mão vazia...
E todos os sentimentos se diluem
Numa imensa saudade.


- II -
Venha comigo e me dê, de novo, a sua mão...
Fechemos nossos olhos e novamente respiremos a vida!
O ar é agora puro e fresco.
Há um cheiro de terra molhada...
A umidade do orvalho nos traz o agradável odor da
relva
Ao perfume das folhas de eucalipto e da flor de
maracujá
Mistura-se o aroma doce das flores de laranjeira.

Ouça, os sons da vida estão ainda mais vibrantes!
Há uma nota de alegria no canto dos passarinhos.
Um vento manso nos permite ouvir a dança das folhas.
Que som estranho é esse?
É o barulho das asas dos tucanos que passam voando
baixo.
Um galo canta ao longe, outro responde mais perto.
Uma galinha cacareja, animadamente, avisando que
Botou um ovo.

Abro os olhos e vejo o sol, que nasceu há pouco.
Vejo que estou sozinha, com a mão vazia...
Mas não me sinto só...
Começa um novo dia;
E a esperança se junta à saudade
Para me fazer companhia...

Nenhum comentário: